I
Cruzaste os inúmeros montes sob céus de tormenta –
– Talvez um pouco desamparado e um tanto inseguro –
Quando, de súbito, o sol do ocidente
Encontra um reflexo no cima da “canopy”
II
Já muito depois de teres esquecido o suor do dia,
Lembrar-te-ás deste fugidio raio de sol no vale,
Apontado por cimos dos montes,
Como que receosos que perdesses o seu encanto maravilhoso.
III
Quando tiveres voado anos suficientes para ter
Cruzado muitos montes e vales e conhecido muita solidão
E suportado muitas incertezas –
– Porque então serás um piloto, e nas paredes da tua memória
Estão suspensos quadros belos que nenhuma outra profissão conheceu
E, por causa deles, tu nunca serás demasiado velho,
E nunca temerás o que está para vir.
IV
Exactamente como a realidade do voo sintetiza tempo e espaço,
Também a experiência de voo sintetiza
O traço da vida em si própria para o aviador.
V
Se nunca te aventuraste em céus ameaçadores,
Nunca te encontraste em vales afagados pelo sol,
Se as palmas das tuas mãos nunca estiveram humedecidas em suor,
O teu coração nunca palpitou.
Se nunca tiveste medo, nunca foste corajoso.
VI
Aprendeste que, se os céus estivessem sempre sem nuvens,
os montes e os vales por baixo seriam estéreis.
Viste desencadearem-se as forças da natureza,
Para além do controlo dos homens,
Mas foste capaz de te capacitar
A co-existir com elas em segurança e paz.
Sentiste que, onde não há desafiar não há atingir.
VII
Portanto penso que ele aprende da vida,
Este que usa as botas de sete léguas,
Este aviador que vai de ponto para ponto com tal naturalidade
Que, mesmo as próprias feições do céu
São dominadas no seu vai-vem.
VIII
E, mesmo se tal não o amolda em humildade
De sentimento e paz de coração
E se ele não se integra em espírito comigo e
Com os cumes dos montes, apontando eternamente
Para algum nobre ideal
Que se aloja nas sombras de uma história grave,
Então, eu não consegui ler com compreensão,
Na longa passagem pela vida, os longos pensamentos de meus camaradas
Daqueles que conquistaram direito
De cidadania no MUNDO DO AVIADOR.
Gill Rob Willson
Tradução de José Krus Abecasis, piloto militar