uma valsa

Escondia “a palavra” no bolso, como quem guardava o melhor segredo de todos os tempos. Não deixava ninguém espreitar e houve dias em que esta missão foi muito complicada. Os rumores correm tão depressa que três dias depois de ter metido “a palavra” no bolso, já não podia andar distraída na rua sem que alguém tentasse ir-lhe ao bolso. Era absurdo, insistia, afinal, “é só uma palavra”. “Então mostra-a”, exigiam, como se todos tivessem o direito de saber o que ela não queria dizer a ninguém.

Agora tudo era mais fácil. O mundo dividira-se em duas legiões, com espiões dos dois lados: os que defendiam o segredo, porque achavam que ela tinha o direito a ele, e os que tentavam descobrir “a palavra”, gastando para isso todas as suas forças, meios e imaginação. A palavra continuava escondida dentro do bolso. O bolso tinha sido guardado dentro de um cofre colocado no meio de um campo minado. O campo ficava numa gruta a 2 643 quilómetros de profundidade.

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